O Mons. Joaquim de Jesus Dourado (“Muçambê) relata as memórias do Padre Furtado,
filho do Cel. Vasco Furtado, dono do sítio Jordão, em Baturité. Com o passar do tempo,
pessoas da região procuravam o coronel para obter remédios e conselhos médicos, devido
à sua vasta sabedoria em curas caseiras. Certa feita, um homem aflito procurou o Cel.
Vasco Furtado porque seu filho recém-nascido estava com a “cabeça mole”. O coronel
prescreveu remédios da farmácia. Contudo, o pai do menino considerou-os caros, razão
pela qual optou por uma “terapia” comum na região: um emplastro feito com dejetos de
vaca, a ser imposto sob a cabeça do infante; e o famoso “chá-de-pinto”, uma infusão
preparada com um pinto de galinha moído no pilão, que deveria ser administrado oralmente.
O relato do “causo” ilustra a precária cobertura de saúde nos rincões do Brasil.
A desigualdade no acesso aos serviços de saúde é uma realidade que afeta diretamente as
regiões mais remotas do Brasil, onde a carência de médicos e especialistas compromete a
qualidade de vida das populações. Nesse contexto, a ampliação de cursos na área da
saúde surge como uma solução estratégica para reduzir essas disparidades, promovendo
uma distribuição mais equitativa de profissionais e serviços.
No Ceará, o cenário reflete a necessidade de mais profissionais. De acordo com o Conselho
Federal de Medicina, há cerca de 1,86 médicos para cada mil habitantes no estado, número
inferior à média nacional de 2,81. Essa disparidade é ainda mais acentuada em áreas
interioranas, onde o acesso a especialistas é limitado. A ampliação de cursos em
universidades locais poderia contribuir diretamente para a formação de profissionais
qualificados e com interesse em atuar nessas regiões carentes.
A criação de novos cursos, especialmente em regiões carentes, tem o potencial de corrigir o
desequilíbrio na formação de médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde. Além
disso, possibilita que estudantes locais, que antes teriam que se deslocar para grandes
centros, possam se formar e atuar nas próprias comunidades, promovendo o fortalecimento
das redes de saúde local.
Formar novos profissionais e direcioná-los para áreas prioritárias, como pediatria e medicina
de família, ajudaria a suprir a carência de especialistas em regiões vulneráveis. Programas
de residência e estágios em áreas remotas são essenciais para incentivar a fixação desses
profissionais, reduzindo a necessidade de que os pacientes precisem buscar atendimento
em outras cidades.
A ampliação de cursos também promove a equidade no sistema de saúde, garantindo que
mais cidadãos tenham acesso a cuidados de qualidade, independentemente de sua
localização. Isso fortaleceria as instituições de saúde, gerando mais empregos, melhorando
a infraestrutura e impulsionando o desenvolvimento econômico local.
Portanto, investir na formação de novos profissionais de saúde é uma ação fundamental
para reduzir as desigualdades no acesso aos serviços e garantir um sistema mais justo e
eficiente, promovendo cuidados de qualidade a todos os brasileiros.