Atualmente os manuais de psiquiatria denominam o autismo como Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o configuram como um transtorno de neurodesenvolvimento caracterizado por déficits na comunicação e na interação social, incluindo dificuldades em estabelecer e manter relacionamentos com outros indivíduos.
O impacto do diagnóstico do autismo assusta porque vivemos em uma sociedade não inclusiva e com preconceitos, onde o diferente é visto com estranheza; os pais, ao se depararem com o nascimento de um filho que apresenta características diferentes, podem vivenciar crises que envolvem lidar com sentimentos, pensamentos e questionamentos que podem levar à culpa ou ao sofrimento psíquico. Desta forma, deve-se pensar na necessidade desse impacto ser mediado por uma rede de apoio, pela identificação de recursos internos ou externos à família e pelos serviços de saúde existentes.
Para a ciência psicológica, alguns comportamentos autistas como gritar, bater com a cabeça na parede e repetir palavras sem sentido são formas das quais a pessoa se utiliza para ajustar-se ou expressar-se, comunicando algo a partir do repertório de habilidades que possui; desta forma, estes podem ser entendidos como a expressão de uma existência, ou seja, são formas possíveis que o sujeito encontra para estar no mundo e se manifestar nele.
Quando falamos de apoio psicológico, nos reportamos a uma postura ética de acolher e escutar no sentido de prestar um atendimento genuíno de cuidado e respeito com o autista no sentido de fortalecimento de suas potencialidades e de não focar nos sintomas; torna-se necessária uma disponibilidade do psicólogo de estar com o sujeito, mesmo quando ele estiver imerso em seu mundo existencial, buscando ajudá-lo a entrar em contato consigo mesmo e incentivá-lo a se descobrir a cada momento.
Por meio do acolhimento psicológico é possível desenvolver “um caminhar’’ com o autista através de uma atitude dialógica (nos mais variados tipos de expressão), presença genuína e aceitação mediante o uso de intervenções e experimentos que se façam necessários para o crescimento pessoal. “A psicoterapia não cura; sua finalidade é cuidar e quando a pessoa se sente cuidada, ela se cura (Ponciano, 2019)”.
ALINE GADELHA DUARTE
DOCENTE DO CURSO DE PSICOLOGIA DA UNIFAMETRO